Prógono é “que ou quem pertence a uma geração anterior”, “que ou quem é o primeiro a apresentar determinadas ideias ou acções”. No dia 14 de Janeiro de 2014, ao meterem a chave na porta das traseiras do armazém sito no número 168 da Avenida da Índia, em Lisboa, cedido pela autarquia lisboeta à estrutura por protocolo assinado uma semana antes, os associados da Karnart, acompanhados pelo fotógrafo Alípio Padilha, depararam com um cenário dantesco naquele que fora durante quarenta anos atelier-casa dos artistas Lagoa Henriques e Carlos Amado, falecidos respectivamente em 2009 e 2011, e sede do colectivo de arquitectos José Carlos Barros. Para 2023, integrado nas “Comemorações do Centenário de Lagoa Henriques” que a Faculdade de Belas Artes da Universidade de Lisboa promove a partir do dia 27 de Dezembro, decidiu a Karnart introduzir na sua programação um objecto de perfinst que visitasse, em espectáculo exposição, numa linguagem cruzada de disciplinas artísticas, o espólio que então protegeu. Objecto de destaque no espectáculo será o mural de dimensões L90cm x H138cm – desenhado a carvão numa parede de canto pela qual subia a chaminé de uma salamandra, com a inscrição “amor é fogo que arde sem se ver” e a referência LH96 no canto inferior direito – onde figuram quatro corpos, dois masculinos e dois femininos, de torso despido, encimados pelo verso do soneto de Camões. Então coberto de fuligem, o mural foi graciosamente restaurado em 2018 pela empresa Mural da História.