Sala Garrett do Teatro Nacional D Maria II
14 a 31 de Julho de 2005
Terça-feira a Sábado às 21h30, Domingo às 16h
Espectáculo de perfinst criado a partir de YERMA de Federico Garcia Lorca e EQUÍVOCO de Albert Camus, EQUERMA foi a terceira unidade da trilogia de espectáculos de perfinst TRIFAMI (trilogia “família”), um arrojado cruzamento experimental que ocupou a caixa de palco da Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II, aproveitando as suas especificidades técnico-cénicas – plataformas e elevadores, palco rotativo, e outras. Luís Castro, no dia 4 de Junho de 2005, escreve o seguinte texto para o Programa do Espectáculo: EQUERMA, terceira parte de TRIFAMI, TRIlogia FAMIlia, é uma leitura de imagens e entrosamentos, um espectáculo de estilhaços criado a partir de dois objectos experimentais baseados nos clássicos YERMA e EQUÍVOCO. Quarta das seis produções que a KARNART · CRIAÇÃO E PRODUÇÃO DE OBJECTOS ARTÍSTICOS · ASSOCIAÇÃO continuará a levar a cabo ao longo do ano de 2005, EQUERMA sucede-se a ESCRAVO DOUTROS (Fevereiro), a YERMA (Abril) e a EQUÍVOCO (Julho), e antecede O HOMOSSEXUAL OU A DIFICULDADE EM SE EXPRIMIR, de Copi (Outubro), e SATIROTIC, poesia erótica e satírica (Dezembro). A razão de ser desta excessiva programação prendeu-se com o facto de o Ministério da Cultura ter, ao longo do ano de 2004, atrasado a atribuição dos financiamentos aos projectos pontuais desse ano, de uma forma tão drástica que só o empenhamento de um colectivo informal que se viria a auto-denominar RAMPA conseguiu desbloquear o pagamento dos apoios ainda em tempo útil, a seis dias do final do ano. Os projectos apoiados para 2004 só puderam logicamente ser realizados em 2005, e como a KARNART C. P. O. A. A. tinha sido contemplada na área de Dança com o projecto de ESCRAVO DOUTROS e na área de Teatro com o da trilogia TRIFAMI, viu-se na obrigação de realizar estes quatro projectos até ao Verão deixando para o segundo semestre do ano duas peças que haviam sido objecto de um outro concurso no qual a estrutura fora apoiada, desta feita a apoio sustentado para o biénio 2005-2006. Ser portanto do ponto de vista da produção forçado a construir em cinco meses, e sob pressões de calendário várias, um projecto centrado em dois magníficos clássicos – envolvendo um consciente e corajoso co-produtor – que deveria ter crescido ao longo de nove meses no ano de 2004, foi uma verdadeira e perigosamente arriscada aventura. A EQUERMA, a última etapa do trabalho da trilogia, atirámo-nos com o horror que (mais) um exíguo prazo de criação de seis semanas nos concedia, numa fase em que nos sentíamos já esgotados. Temos porém a certeza de ter conseguido. No entanto (porque gostamos muito do que fazemos e o fazemos de alma, criando em harmonia e desfrutando dos processos com tempo para observar, ler, recolher objectos passeando pelo campo ou pela praia, ver cinema e exposições, etc.) desgostou-nos ter discutido, rabujado de cansaço, andado tensos, tristes, preocupados; porque não queríamos deixar mal os autores, os actores e colaboradores convidados, o Teatro Nacional D. Maria II que connosco tão generosamente colaborou, os amigos que em nós confiam… Ao caos que foi o trabalho do Ministério da Cultura e do Instituto das Artes no ano de 2004 devemos este sentimento de exaustão; a ele imputamos as responsabilidades por quaisquer falhas que nesta enorme sobrecarga de trabalho tenham tido origem. Colocou-se-nos a questão de como apresentar este híbrido que é EQUERMA ao público na Sala Garrett: ou criávamos uma leitura em que se elevavam e fixavam as zonas de representação, permitindo-se o acompanhar do espectáculo numa atitude semelhante á de uma visita a uma exposição de artes plásticas, escolhendo-se o que se quer ver de entre muitas situações simultâneas; ou optávamos pelo recurso aos maquinismos de palco e à oferta em bandeja das cenas aos espectadores, condicionando-os um pouco mais mas permitindo-lhe um conforto maior; o público eventualmente mais fragilizado levou-nos a optar por esta última versão.
um espectáculo construído a partir de | YERMA |
de Federico Garcia Lorca | |
e de | EQUÍVOCO |
de Albert Camus | |
concepção e direcção | Luís Castro |
estilização e imagem | Vel Z |
produção executiva da KARNART C. P. O. A. A. | Gisela Barros |
interpretação | |
actores | Afonso de Melo |
Andresa Soares | |
Bibi Perestrelo | |
Bruno Simão | |
Fernanda Neves | |
Mónica Garcez | |
Pedro David | |
Rafael Alvarez | |
Vera Alves | |
vozes gravadas | Isabel Gaivão |
Luís Castro | |
Elsa Braga [cantora] | |
figurinos | Fernanda Ramos |
banda sonora | Sérgio Henriques |
Razguzz | |
desenho de luz | Nuno Neto |
fotografias | Maria Campos |
tradução de YERMA | Júlio Martin |
com revisão de | Luís Castro e Isabel Gaivão |
tradução e dramaturgia de EQUÍVOCO | Luís Castro |
Sobre os trabalhos de,Pierre-Louis Rey, “Le Malentendu” Ed. Gallimard, França, 1995, que segue a versão do texto de 1958 (A. Camus, “Récits et Théâtre”), e de Raul Carvalho para “Livros do Brasil” Lisboa, Colecção Miniatura, que aborda a versão inicial de 1943 |
co-produção
Teatro Nacional D. Maria II
financiamento institucional
Ministério da Cultura / IA – Instituto das Artes
apoio
Faculdade de Medicina Veterinária, Camara Municipal de Lisboa, Associação Turismo de Lisboa, Radio Paris-Lisboa, Orcopom, Gipsyhair, e ainda PT (mecenas exclusivo do TNDM.II).
agradecimentos
Arlindo Fernandes, Bernardo Chatillon, Bruno Castro Fernandes, Catarina Neves Dias, Carlos Avilez, Ingrid Fortez, Isabel Gaivão, João Vasco, João Leonardo, Jorge Rodrigues, Luz da Camara, Maria Pilar Vicente Silva, Mónica Almeida, Paula Mora, Paulo Abreu, Pedro David, Rafael Albergaria, Razguzz, Rogério Garcia, Susana Correia, e ainda Danças Na Cidade, Fórum Dança, Sindicato Dos Médicos Da Zona Sul, Rampa, Teatro Maria Matos/EGEAC.
agradecimentos especiais
Maria do Rosário Coelho e TEATRO EXPERIMENTAL DE CASCAIS, pela gentil cedência da actriz Fernanda Neves