Espaço Karnart
06 a 16 de Abril de 2005
Terça-feira a Domingo, 22.00h
Espectáculo de perfinst criado sobre a peça de teatro homónima de Federico Garcia Lorca, YERMA foi a primeira unidade da trilogia de espectáculos de perfinst TRIFAMI (trilogia “família”), da qual fizeram parte também EQUÍVOCO, de Albert Camus, e EQUERMA, cruzamento experimental dos dois anteriores. Luís Castro, no dia 2 de Abril de 2005, escreve o seguinte texto para o Programa do Espectáculo: “Poema trágico em três Actos e seis Quadros”, YERMA, de Federico Garcia Lorca foi escrito em prosa e verso em 1934, e conta-nos a história de uma mulher que mata o seu marido por ele não lhe dar filhos (“Yerma, dotada de um carácter inflexível, não quer resignar-se a não ter descendência e tentará, por todos os meios honrosos ao seu alcance, engravidar. A sua não resignação, a sua resistência ao inevitável – a esterilidade – é o passo que levará à tragédia; o que não se resolverá com palavras far-se-á com as mãos. Juan é, quase desde o início da obra, a vítima predestinada. Yerma pede-lhe o que ele não pode dar, e esse inevitável incumprimento modifica toda a sua vida até o conduzir a uma morte violenta às mãos da sua mulher” – Manuel Gil Ildefonso). Primeira parte de TRIFAMI, “trilogia família” com que a KARNART se apresentou aos Concursos Pontuais de Teatro do Ministério da Cultura para 2004, YERMA – juntamente com EQUÍVOCO, que daquela será a segunda parte -, propõe-nos uma reflexão sobre as formas clássicas de organização antropológica das sociedades e permite-nos sugerir formas alternativas de conjunção social. Numa época em que se aceitam novas formas de estruturação familiar (uniões de facto homo e heterossexuais, relações mono e pluriparentais, adopção, etc.) com as quais estamos absolutamente de acordo, parece-nos fundamental marcar sobre este assunto uma posição clara. Ser contudo, do ponto de vista da produção, forçado a construir em cinco meses no ano de 2005 e sob pressões de calendário várias, um projecto centrado em dois magníficos clássicos (e envolvendo um consciente e generosíssimo co-produtor) que deveria ter crescido ao longo de nove meses no ano de 2004 (malogrado apoio, que só graças a uma eficaz intervenção do colectivo RAMPA foi no limite pago pelo Ministério da Cultura, três dias faltavam para o final do ano) é uma verdadeira e perigosamente inesquecível aventura. Questões de produção condicionaram opções de concepção e acabaram gratificantemente por canalizar YERMA para a forma do puro perfinst; a esta junção de performance (nas pessoas de dois bailarinos, Andresa Soares e Rafael Alvarez; de um actor, Pedro David; de um artista plástico, David Mesquita; e de um body-artist, Marco Patrocínio) e de instalação (usando objectos novos e acrescentando história aos que noutros projectos foram já usados), juntou-se um apurado trabalho de sonoplastia da responsabilidade de Sérgio Henriques e Razguzz (sobre a minha e as vozes de Isabel Gaivão e Elsa Braga) e as sempre fundamentais colaborações plásticas de Vel Z, Fernanda Ramos e Maria Campos; tudo isto sobre um cimento cuidadosamente preparado pela produtora executiva Gisela Barros. Esperamos que EQUÍVOCO (a apresentar no ESPAÇO KARNART entre 01 e 12 de Junho) venha a ser a vertente puramente teatral que contribua para que o público de EQUERMA – terceira parte da trilogia e cruzamento experimental dos dois espectáculos anteriores, a acontecer na Sala Garrett do Teatro Nacional D. Maria II entre 14 e 31 de Julho próximos – desfrute do objecto artístico total que caracteriza o trabalho do colectivo KARNART: o pluridisciplinar Perfinst em que a Performance pode ser clássica ou experimental e a Instalação tem que ser forçosamente interventiva. Uma palavra de especial agradecimento ao TEATRO NACIONAL D. MARIA II, que nos tem apoiado muito para além das suas obrigações de co-produtor.
concepção e direcção | Luís Castro |
colaboração plástica, imagem para divulgação e grafismo | Vel Z |
produção executiva | Gisela Barros |
assistência de produção | Fernanda Ramos |
interpretação | |
vozes | Isabel Gaivão |
Luís Castro | |
Elsa Braga, cantora | |
performers | Andresa Soares [Yerma] |
David Mesquita [Juan I] | |
Pedro David [Juan II] | |
Rafael Alvarez [Juan III] | |
body-artist | Marco Patrocínio [Juan] |
tradução | Júlio Martin |
com revisão de | Luís Castro e Isabel Gaivão |
figurinos | Fernanda Ramos |
com peças do guarda-roupa do TNDMII | |
banda sonora | Razguzz |
gravação e manipulação de vozes, operação de som | Sérgio Henriques |
fotografias | Maria Campos |
apoio à criação de luzes | João Lopes Alves |
montagem | Marco Patrocínio |
David Mesquita | |
assistência ao body-artist | João Martins |
registo audiovisual | João Pedro Gomes |
Paulo Abreu | |
“barbies-monstro” | |
bonecas transformadas por | |
e instalação com | Catarina Mesquita |
Uma menina loira de onze anos de idade mostra-nos as suas bonecas transformadas. Fascina-nos e convidamo-la a ser, mais do que às suas filhotas, instalada. Aceita com um sorriso brilhante. Um canto inóspito que tornaremos vermelho e que nos remeterá para um enquadramento das gémeas em SHINING (S. K.) serve-nos; o facto de ser violado um objecto de forte conceito consumista (a boneca barbie) agrada-nos; o paralelo existente entre a temática desta instalação e a do espectáculo surpreende-nos; a construção de um perfinst interventivo que relembre que nem tudo o que luz é ouro, que nem todas as mães são mães, e que o instituído lar tradicional da santíssima trindade pai-mãe-filho não é a única e omnipresente solução para o aconchego afectivo entre as pessoas sejam elas adultas ou crianças, conquista-nos. Que vivam as crianças do futuro e as suas barbie-monstro!!!
co-produção
Teatro Nacional D.Maria II
financiamento institucional
Ministério da Cultura / IA – Instituto das Artes
apoio
Faculdade de Medicina Veterinária, Camara Municipal de Lisboa, Associação Turismo de Lisboa, Radio Paris-Lisboa, Orcopom, Gipsyhair, e ainda PT (mecenas exclusivo do TNDM.II).
agradecimentos
António Lagarto, Bernardo Chatillon, Bibi Perestrelo, Cândida Vieira, Claudia Galhós, Conceição Cabrita, Cristina Mesquita, Escola Secundária ANTÓNIO ARROIO, Jeannine Trévidic, João Leonardo, Luís Chaby Vaz, Luísa San Payo, RAMPA, Sameiro Costa, Teatro O BANDO e Tiago Mesquita.